25 de fevereiro de 2011

Palavras pintadas!

Desenho-te numa tela branca,
Com as pontas dos dedos como pincéis de seda
De cores fortes, suaves
Entre sorrisos pretos emaranhados de lágrimas transparentes!
De feitiços enrolados entre a cor laranja da vida
Em ruas cheias de vazios amarelos e verdes...
Em cada traço cinzento
Uma rua comprida de emoções
Nos rabiscos coloridos
Versos de uma vida salpicada de sentimentos
Pintas e riscos… azuis e brancos
Que sem fim, e na tela alva renascem
Em forma de outras figuras esquecidas
E pintadas a carvão
Reconhecendo as borboletas multicolores
Em mensagens musicadas, desafinadas
Apenas audíveis a quem anda distraído
Redesenho-te em papel branco,
Em folhas de cartão,
Jogadas no lixo, amarrotadas pela letargia do ser
Enchendo corações incendiados de paixão
Pintados de vermelho...
Rasgo a memória!
E percorro os trilhos de uma outra história
E pinto-te de novo com cores de violeta,
Que mesmo contra a vontade
Saltam aos olhos de quem passa
E não pára para olhar-te,
Sequer sentir-te num toque, num gesto
Num olhar indiscreto!...

23 de fevereiro de 2011

Um suspiro profundo!

Acordando de mansinho… num silêncio rouco
duma lágrima cristalina escorrida
do uivar das ondas que vêm e que vão
sem nunca parar…
Onde o mundo poisa levemente a mão
subindo uma espécie de escadaria de ilusões
percorrendo prados verdejantes de flores douradas
na terra do nunca… onde repousam os sonhos!
Quero-te de novo na palma da minha mão
ao alcance do olhar da alma
sem censura, sem pressa, sem dor
numa união única do ser
sem fantasmas, sem máscaras…
transparente como um rio que corre sereno!
Faz-me beber dos teus sentimentos mais ocultos,
do sangue que corre nas tuas veias,
e que fazem acelerar as batidas do coração
deixando a alma em completo delírio!
Renasce de novo em mim…
num suspiro, num gesto, numa carícia…
sentindo o leve toque da saudade,
com cheiro de mar salgado
numa sintonia desencontrada da realidade sonhada
que sorrateiramente vem chegando até mim
de pés descalços e uma mão cheia de nada…
tentando alcançar a outra margem
numa fuga sem perdão, num rasgo de pura loucura!

Poema de participação no tema de Fevereiro 

18 de fevereiro de 2011

O silêncio...

Passamos nesta vida ansiosos por falar, ganhamos até prémios na escola por sermos os mais participativos… e esquecemos que o silêncio tem uma voz que é preciso ser domada, e treinada, para se escutarem as palavras certas. Andamos tantas vezes no meio da multidão barulhenta em busca de nós, da alma que tantas vezes se perde dela mesma, ficando à devida sem saber muito bem como retornar a casa. Criamos laços afectivos por um amor, por uma paixão… e tantas vezes vamos caminhando em silêncio ano após ano, transformado em hábito rotineiro os silêncios mudos dos nossos desejos, ambições, sentimentos, … e um dia somos obrigados a parar para ouvir todo esse barulho que incomoda o nosso silêncio, que invade a nossa paz interior. E se escutarmos bem, o silêncio que cresce durante anos, grita incessantemente para se libertar, grita e fala de coisas que muitas vezes havíamos esquecido, deixado para trás… e quando os dias se tornam mais compridos do que deviam, quando durante o nosso trabalho não se consegue fazer cessar os nossos pensamentos, a paz está definitivamente colocada em causa, e em perigo. As nossas palavras são sementes que deitamos à terra da vida, e é necessário que cuidemos que elas sejam semeadas em terra fértil e não apenas largadas ao vento. Choramos o que não temos e esquecemos de agradecer o que tanto que temos. Se olharmos em volta é provável que encontremos um sorriso que abraça sem tocar, uma palavra que aquece a alma sem ser dita, um beijo sentido no silêncio de um olhar, tantos os silêncios que nos envolvem e que tantas vezes não paramos para escutar. E fico-me no silêncio deste minuto em que escrevo e tu lês… “O resto é silêncio.” William Shakespeare

15 de fevereiro de 2011

Devolvendo-te (me)!

Os dias…
contados nos contos de fadas,
sussurados baixinho pelo assobio do vento,
na dor lancinante da intimidade das horas
num suportável vicio de ti
tentando parar o imparável acontecer…
Subi à rocha mais alta,
e caminhei pelas águas do mar
em busca de ti, da tua sombra em mim,
como quem venera pensamentos indecentes
num silêncio mortal…
Colado na nudez das tuas curvas em mim
e num desequilíbrio estonteante,
observo o remexer dos sentidos das borboletas
que voam sem parar, poisando apenas…
nos olhares perdidos de mim,
nas mão vazias de ti, que se estendem contra o céu
e vão passando pelas cinzas suspensas da vida!
Presa às esperanças vãs do amanha,
trespassada como uma espada no peito,
olho-te uma vez mais e…
parto o reflexo de ti no espelho riscado do passado!
Subitamente, num grito agudo quebra-se a magia,
e no rosto nascem novos sorrisos,
que bruscamente secam o gelo das pingas de chuva
que vão caindo lentamente dos meus olhos,
E num lamento sofrido… acendo uma vela
debaixo das estrelas reluzentes e suplico à noite
um desejo infindável de não mais largar-me!

14 de fevereiro de 2011

Ardente paixão!

Viajo pela emoção do desejo,
e subitamente paro num beijo imortal,
preso, devorado pela memória
e lançado no enredo de outros tempos…
Sem resistência, deixo-me ir…
transporto-me no encanto no pequeno
espaço entre os teus lábios,
no calor morno dos teus abraços,
num embalo irreal da loucura do teu cheiro!
Ao toque da musica da tua voz
percorro veredas encantadas
da recordação estática do silêncio…
guardado dentro do baú das almas,
e esquecido no sótão das lembranças…
que se apagam com um piscar de olhos!
Paro, olho-me num reflexo intemporal,
sacudo a poeira que trago nas mãos,
e levemente caminho pelo toque da sedução
que me envolve num balançar quieto
da aurora da noite, que ainda está para chegar!
Sem demora, e sem pressa
serpenteio os dedos suavemente
pelos gritos e suspiros de cristal colados
no meu corpo sedento de ti,
que num deslize mimado pela paixão
e numa súplica errante ao destino
deseja voltar a flutuar em algodão doce…
na magia pura do sonho
que se perdeu entre vozes do passado!

10 de fevereiro de 2011

Reconhecendo-te!

Alinhavando o futuro
em pétalas de doçura pingadas
de fantasias e loucuras…
amarrotadas pelo tempo.
Serei eu? Serás tu?
Um dia caminharei em ti
preenchendo todos os vazios
e espaços obscuros,
escritos em rascunhos de mim!
Caminharei, sim…
como tu caminhas em mim,
desde sempre, e para a eternidade!
E de mansinho, em bicos de pés,
para não assustar,
nem teres oportunidade de fugir
de mim, ou de ti…
ocuparei, sem timidez e pudor
esses espaços em branco
que esperam ser resgatados do passado!
Reconheço-te em cada traçado,
tecido em pedaços de ternura
deste futuro que nos espera
juntos, unidos como um só ser iluminado.
Serás tu? Serei eu?
Seremos nós…
Selados em desejos secretos
encontrados em cada canto teu
e acorrentados no limbo do presente!

7 de fevereiro de 2011

Leve toque do amor!

Num suave gesto distraído,
num embalo perdido nos teus braços
sonho…
entrelaçar o meu sono no teu
em que cada suspiro saído em silêncio
na ponta do meu sorriso
se mistura em cheiros indescritíveis
imaginados…
em proibidas aparições nocturnas
como a luz do luar que vem beber
no espelho liquido do mar!
Balançando levemente nos acordes do vento
dois olhares bailam passo a passo
deslizando num delírio sem fim…
e perdidos no sonho
dois corações acelerados  flutuam
como searas maduras
na fantasia dum encontro místico dos tempos
de contos de fadas e finais felizes!
E de cor de rosa se cobre a noite
numa delicada dança
de sabores…
onde  a tua boca pousa na minha
e numa carícia delicada seduz a alma serena
em encantos mil
num beijo doce e apaixonado!

6 de fevereiro de 2011

Um ano de blogoesfera

Faz hoje um ano que entrei neste mundo da blogoesfera e abri as portas ao meu blog Angel in the Dark, e embora este meu espaço seja mais dedicado a palavras poéticas ou pequenas reflexões, não podia deixar passar a data em branco. Abri aquele espaço para meu consumo próprio e nunca imaginei o enorme carinho que iria encontrar pelo caminho, porque mais do que qualquer outra coisa, buscava-me a mim na tentativa de me auto revelar, nele deixei muitas palavras de sonhos, desejos, dor, solidão, paixão e tantos outros sentimentos vividos e relatados em palavras de sabores e cores várias, e hoje, mesmo mantendo encerrado esse canto como uma página estática e imortal do meu passado não posso deixar de agradecer todos os que me seguem, e todas as palavras de ternura e apreço que sempre lá deixaram, e que alguns continuam deixando aqui. E no fim desta caminhada, porque a vida é feita de ciclos, divididos em momentos interligados, o objectivo primordial a que me propus alcançar nestes doze meses está atingido, e parecendo fácil, nunca o é, quando o que tentamos encontrar é a nós mesmos, e nos desviamos várias vezes do que realmente é importante e nos traz a felicidade para continuar o caminho incerto do futuro. E não adianta seguirmos palavras de outros, embora saibam bem e nos ajudem, podem até indicar um caminho mas é necessário senti-lo debaixo da pele, e deixa-lo crescer e vir à tona ganhando raízes mais profundas em nós. E silenciar o Ego refilão que muitas vezes nos quer levar por caminhos que não são os nossos é uma tarefa árdua e dolorosa, mas gratificante no final, mesmo que isso implique deitar abaixo a construção de toda uma vida e voltar a recomeçar, porque nunca será uma perda de tempo… porque o dedicamos à pessoa mais importante, e que deve ser sempre a nossa primeira prioridade, NÒS, e apenas por essa pessoa devemos lutar, porque sem um verdadeiro equilíbrio interior a vida não é bem vivida, portanto NUNCA DESISTAM DE VOÇÊS MESMOS, porque só conseguindo ser felizes podemos fazer felizes os que fazem parte da nossa vida, como a família, os amigos ou um amor.

1 de fevereiro de 2011

Sonhei-me!

Sonhei-te… tantas vezes
e outras tantas te apagarei,
reescrevendo sempre um novo futuro,
um novo sorriso,
pintado das cores da minha alma
tecido em panos de algodão
em lençóis de seda
que me envolvem e devolvem
o brilho do olhar!
Alcancei as estrelas
na tentativa de estender-te as mãos
e oferecer-tas
mas não queres estrelas
preferes a lua sem brilho
num luar encantado,
sem principio nem fim!
Inventei-te… vezes infinitas
e em tantas quimeras te esqueci,
contando histórias de ninguém
sem risos, sem palavras
em bordados de nuvens cristalinas
onde o arco íris te mostra
o caminho da felicidade
dos silêncios que me inundam
na infinita forma de amar!
Agarrei o sol...
e roubei as nuvens negras
que ofuscavam a sua luz
e apenas sobrou um teto sem cor
onde rasgas a existência
insípida de ser!
Mas não desisto jamais!...
Serás uma parte dos sonhos
que sonhei, que ficaram perdidos
no turbilhão do tempo e do espaço,
inventados num céu cor de púrpura
onde a vida se semeia
de parábolas inacabadas
com um fim pré-determinado
num ensaio já realizado
e escrito nas constelações do universo!
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