Desenho-te numa tela branca,
Com as pontas dos dedos como pincéis de seda
De cores fortes, suaves
Entre sorrisos pretos emaranhados de lágrimas transparentes!
De feitiços enrolados entre a cor laranja da vida
Em ruas cheias de vazios amarelos e verdes...
Em cada traço cinzento
Uma rua comprida de emoções
Nos rabiscos coloridos
Versos de uma vida salpicada de sentimentos
Pintas e riscos… azuis e brancos
Que sem fim, e na tela alva renascem
Em forma de outras figuras esquecidas
E pintadas a carvão
Reconhecendo as borboletas multicolores
Em mensagens musicadas, desafinadas
Apenas audíveis a quem anda distraído
Redesenho-te em papel branco,
Em folhas de cartão,
Jogadas no lixo, amarrotadas pela letargia do ser
Enchendo corações incendiados de paixão
Pintados de vermelho...
Rasgo a memória!
E percorro os trilhos de uma outra história
E pinto-te de novo com cores de violeta,
Que mesmo contra a vontade
Saltam aos olhos de quem passa
E não pára para olhar-te,
Sequer sentir-te num toque, num gesto
Num olhar indiscreto!...