24 de setembro de 2011

Bailo no sonho...

Rendo-me ao tempo!
Infinito rendilhado de cordas emaranhadas pela vida
Nos beijos que sinto nas profundezas da alma
Em linhas (in)certas, traçado perfeito
Dessa volúpia (des)concertada, tocada
Pelos nossos corações, palpitantes, desfalecidos...
Em gestos invisíveis, imaginados me entranço
Em palavras vagueio, que dizem tudo ao dizer nada
Perdida em contemplações do paraíso
Em buscas do amor puro!
Num silêncio gelado de tons escarlate
Abandono-me aos versos por ti declamados
Em olhares flamejantes de desejo
Divinamente escritos do outro lado do mundo
Acompanhas-me nos suspiros, nos lamentos...
Nesta paixão, aquela que nos aquece por dentro
E me(te) queima as entranhas mais fundaa
Perdição dos meus anseios e sonhos!
Trocamos confidências, segredos, devaneios...
Um sem fim de mistérios por desvendar
Enraizados no teu (meu) reduto mais intimo
Numa dança levemente sedutora
Como uma rosa acariciada pelo vento
E no escondido das noites iluminadas pela divina lua
Caminha o silêncio pelas estradas tortas da alma
Entoando uma canção vazia, do nada que somos...

15 de setembro de 2011

Cruzamento (in)acabado!

(E)namoro-me de ti!
Nas carícias trocadas
Nos olhares escondidos
Nas palavras envergonhadas
No sentir não pronunciado
(En)canto-me em ti!
Nas danças que ficaram perdidas
Na melodia que só as almas ouvem
Nos toques e acordes do silêncio
Nos passos que decalcávamos um atrás do outro!
...
E foi um tempo...
Em que as minhas mãos eram as tuas
A minha boca apenas pousava na tua
O meu corpo apenas desejava o teu
Sem descanso, sôfrego, alucinado…
Em que eu terminava as tuas frases
Em que cada dia começava sempre com um sorriso
Em que as nossas vidas se misturavam
Num (entre)lace único de sensações
Em que éramos dois loucos
Perdidos na imensidão de um olhar
Sem pestanejar, imóveis como o tempo!
...
Procurei-te na frieza dos dias de inverno
Na neve derretida nos beirais das casas
Nas pingas grossas da chuva que me molhava
Entre a terra que me enche as mãos
Nos delírios dos gritos inaudíveis do ser
Nos naufrágios incertos da vida
Entre as palavras escritas pelo vento no meu rosto
Nos versos do passado perdidos em cartas de amor
E não estavas lá...
...
Foi um tempo...
Em que fomos pássaros livres
Que alcançaram o céu tantas vezes…

5 de setembro de 2011

Fingimento!

Fingir... Sim, finjo para ti, para mim. Finjo! E são vazias e ocas de emoções, as palavras largadas na folha de papel branco, alva como a neve, na qual as frases se constroem, se amontoam como pilhas de tijolos arrumadinhos e encastelados prontos a serem derrubados, ou derretidos pelos raios quentes do verão. Finjo nos intervalos dos silêncios que preenchem as escassas lágrimas que me lavam o rosto, e me tingem o regaço de púrpura, a cor da paixão, a minha por ti, aquela que se perdeu nas entrelinhas da distância. Finjo que tudo está bem, sempre! Para ti, para mim! Finjo, como uma forma de fuga à realidade translúcida do teu olhar amargurado. Troco palavras por múmurios silenciosos e canto, bela e serena, a canção da vida como o desabrochar da primavera, ao leve som do sibilar das aves migratórias. Finjo! Finges! E passamos a vida a fingir que as ruas do nosso entendimento são belas, largas, plenas de sentimentos, e as palavras não são como as pedras da calçada, frias, cinzentas e estáticas, num presente imóvel da imaginação. Finjo! Sempre! Para um espelho de reflexos imperceptíveis da vulgaridade que me povoa a mente, ou quiçá, vagueia por estradas empoeiradas do tempo. Finges e eu finjo para ti! Para o mundo! Para a imagem reflectida no espelho dobrado que existe na minha mão, fechada, encerrada de sentimentos, acções e emoções. Finjo... apenas e só! Um fingimento sem inicio nem fim. E continuamos a fingir... que a roupa que visto hoje é a que me assenta melhor, quando já está gasta pela corrosão das intemperies internas, sim, aquelas que avassaladoramente provocam embolias na alma, e dores crónicas no coração. Finges! Finjo! Que somos nós que puxamos e governamos os cordeis das marionetas que actuam no nosso palco, onde todas as cenas já foram encenadas, e as falas decorados num passado longíncuo e áspero como a terra do deserto ressequida e gretada pelo sol intenso. Vá! Vamos continuar a fingir! Sempre e para sempre!...


Participação no tema de Setembro
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