28 de agosto de 2011

(Des) vendo-te!...

Grito! Aos quatro ventos…
Por essa existência sem retorno
(do pássaro alado, caído dos céus)
Um caminho perseguido até às entranhas
As tuas, contidas nas minhas mãos
Desenhadas pelo destino, cruzado nas laços da vida
Rasgo! O pano que me veste a alma
E prende o caudal do rio
(que me brota dos olhos)
Sem flor, coberto de espinhos
Desse aroma que me hipnotisa, me arrasta
E sem forças, me dou a ti...
Inspiração divina! Devaneio de loucura!
A minha, misturada na tua
Em acordes musicais, provindos do inferno
Ou quiçá das terras dos Deuses
Olimpo (im)puro, de celestiais desejos
Por viver... na saudade que me assola
Essa, que me traz nas mãos, em pegadas ligeiras
Por areias movediças, de um deserto sem fim…
Quebro o silêncio! Demorado como as horas…
De cristal, que te envolve nas sombras
Do passado, que se verga à incerteza do futuro
Aquele, que ainda está no embrião dos tempos
Onde tu te rendes a mim…
Onde as palavras, soltas ao vento…
(te amarram a mim, com invisíveis fitas de cetim)
 No grito que te levou a ti, o coração ancorado no peito
Nesse buraco cativo que tu ocupas!

17 de agosto de 2011

Desvairo!

Embriagada viajo… nas tuas palavras
(in)certas, meigas, intensas...
Ondulo no desejo que voa ao sabor dos teus dedos
Que delicadamente pousa...
Em cada recanto angelical da minha pele
Fecho os olhos, invado-te no sonho!
(Des)ordenamente toco-te…
Quero-te! Desejo-te!
Na boca o sabor salgado dos teus beijos
Doces, molhados… arrancados no mais fundo de mim
Como espinhos cravados na alma
Leves, ardentes... brasas incendiárias
Forjadas nas agruras da vida!
Dormência cristalina da alma!
Rebuscando-te, traço desenhos incertos, (im)piedosos
Num suave som emanado pelo assobiar do vento
(im)possível, inquebrável encanto...
De uma alma faminta de amor, sem pudor
No calar da minha boca, no fogo que me (te) consome
O arrebatar dos insanos toques dessa paixão
Chama que arde no teu (meu) peito
Perco-me no luar dos teus olhos… penetrantes, profundos
Profanados pelo querer faminto das almas
A tua na minha, a minha na tua...
Onde vive um animal selvagem, preso, encarcerado
No cheiro do teu corpo inebriado pelo perfume do meu!

8 de agosto de 2011

Cinzas...

Num bailado incandescente de saudade
Choro os dias que ainda não desfaleceram
Cansados, sedentos da seiva que te alimentam!
Canto lamentos escorridos na alma
Doces, (en)cantos de um olhar teu...

Rodopiando incansavelmente te espero
Para voltar a beijar, sentir de novo o toque...
Da melodia triste que canta meu coração!
As lágrimas pintam-se no meu rosto frio, inerte
Preso no cais do tempo, amarrotado, rasgado...

Anseio perder-me em encantos teus!
Guardo acordes surdos do silêncio dos teus beijos
E nas mãos o perfume das rosas derramadas!
Em explosões cadentes de sentidos, inalo o perfume teu
Danço ao sabor enclausurado da memória...

Em vertiginosas sensações entrelaço-te no corpo e na alma
Aperto-te no peito contra os espinhos cravados!
Morro aqui, cinzas de um fogo ardente, perdidas ao vento
Tinta pintada pelos meus dedos (des)crentes
Poema esquecido no meu infinito ser!

2 de agosto de 2011

FUGIR!

Quando o passado nos atropela de forma alucinada, faltando o ar, que apressadamente desce garganta abaixo, e provoca uma contracção involuntária no peito. Quando tudo o que queremos é parar, simplesmente parar... quando as lembranças do que fomos, da simplicidade que nos envolve a alma se solta e nos envolve de nostalgia, e nos faz lembrar o quanto já demos de nós ao universo, e o quando ainda iremos dar. Quando queremos reter o mundo nas mãos. Quando achamos que conseguimos engolir o sistema planetário de um só trago e devolver a paz às entranhas crucificadas pela tortuosa caminhada. Quando tudo o que queremos é do tamanho inexorável de um bago de arroz, e chegamos à conclusão que os sentimentos pequeninos não têm a importância que lhe atribuímos. Quando tudo o que queremos se resumo a uma pluma largada no vento, suspensa no imaginário do nosso subconsciente. Quando dentro de uma mão cabe todo o nosso mundo, pequenino, mas cheio de tudo o que de mais precioso e frágil possuímos. Quando achamos que estando no chão, ainda nos podemos enterrar mais um pouco, ainda nos sobra forças para lutar contra o irreal, contra o nunca imaginado. Quando toda a dor cabe numa lágrima derramada silenciosamente no escuro. Quando tudo o que queremos, sentimos é... FUGIR!

Participação no tema de Agostoo

1 de agosto de 2011

Bailado de almas!

Impedes-me de tocar! Beijar! Sonhar!
Adormeço o pensamento, a mente
Que cega à dor do passado reclama por ti
Neste profundo son(h)o (ir)real, (in)tocável
Ignoro os gemidos sentidos…
Abro os braços à vida, e caminho na chuva, a tua
Derramada sobre mim, num silêncio surdo de palavras provocantes
Quebre-se o gelo! Como portas sagradas da alma!
Parta-se a vidraça opaca da insanidade!
Libertando o fogo incandescente do desejo dos corpos
Esse vício (im)puro do titânico viver do hoje, aqui e agora
Num arremesso (in)controlado de violência, despedaças
O mais forte muro em mil pedaços sem tempo nem espaço
E são teus olhos! Quais flechas flamejantes!
Que pousam indecentemente em meu corpo belo
Doce, frágil… (in)capaz de controlar a força
A tua, qual cavaleiro andante, do tempo místico de encantar
Na defesa da sua rainha, sua deusa (in)tocada
Libertas-me a chama, em labaredas ardentes!
Esqueces a pureza dourada das vestes sagradas, puras, virginais
E tornas-te no meu mais escondido amante da lúxuria!
Danças essas tuas mãos delicadamente, em movimentos precisos
Pelo refinado torneado do meu corpo enroscado no teu
Pulsante, ardendo no fogo da desordem, consumida pela tua boca
Rasgas definitivamente, esse véu púrpura que me tapa os olhos
E devoras todo o meu ser, sem resistência!
Bendita salvação da alma! A minha, perdida nesta estrada…
Solitária, gelada, quebrada pelos desejos insanos
Impuros, esquecidos, largados, perdidos no fundo de mim!
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